Arquitetura pode ajudar a aumentar o faturamento do consultório
A construção ou reforma do consultório implica em decisões estratégicas com influência direta no faturamento do cirurgião-dentista. Por isso, o projeto deve considerar, além de questões estéticas e funcionais, o perfil do público que vai frequentar o espaço.
A arquiteta Suelena Morais, pós-graduada em Arquitetura Aplicada à Saúde pela USP e especializada em marketing e ciência do comportamento, resume o que o profissional deve pensar nesse momento. “Faça o consultório pensando no cliente”, ensina. Ela argumenta que a ambientação não deve ser feita para aparecer em revistas de decoração, mas para gerar lucros. “Muita sofisticação acaba intimidando o paciente, que conclui que os serviços serão muito caros”, diz.
Para que o espaço sirva ao cliente, o primeiro passo é definir quem é ele, ensina a arquiteta. A faixa etária é a distinção mais prática nesse caso, pois pais e filhos de uma mesma classe social, por exemplo, não vão se sentir confortáveis no mesmo ambiente. Crianças, jovens, adultos e idosos preferem decorações diferentes e exigem funcionalidades distintas. Para uma pessoa mais velha são necessárias facilidades de locomoção e para as crianças, distração. Jovens pedem tecnologia, conectividade e adultos querem comodidade.
Determinar a “cara” do seu cliente, portanto, é a etapa mais importante do projeto. “Não dá para fazer sem isso, pois um ser humano genérico – sem idade, sem sexo, sem rosto – não existe”, esclarece a arquiteta.
Apesar de a orientação principal ser o paciente, não é possível ignorar o cirurgião-dentista e outros profissionais que trabalham no consultório, afinal são eles que passam mais tempo no espaço. Para isso, a dica é pensar separadamente na antessala e na parte clínica. O local em que os procedimentos são realizados deve atender as necessidades do trabalho, com foco em funcionalidade e ergonomia.
Suelena alerta para ter atenção com os móveis, que não precisam ser caros, mas estar em boas condições e limpos. “Se não serve para sua casa, não serve para o consultório”, é a regra. Uma cadeira rasgada ou sofá sujo, ela acredita, é motivo suficiente para transformar a primeira visita em última. Uma televisão de tubo também não vai colaborar para a imagem de qualidade do serviço. Se for para utilizar um aparelho desse modelo, é melhor não ter.
Da mesma maneira, os quadros devem fazer parte da decoração e estar em harmonia com o ambiente. Não é recomendável pendurá-los aleatoriamente no ritmo em que vai ganhando dos amigos. Esse desalinhamento passa a impressão de desorganização. A arquiteta diz que o ideal é pintar as paredes de seis em seis meses e, no mínimo, anualmente. O mesmo acontece com as lâmpadas que precisam ser trocadas e as luminárias que periodicamente requerem limpeza. Ela lembra que o dentista tem mais dificuldade do que o paciente para perceber a sujeira e manchas porque está todos os dias no ambiente.
As revistas também são importantes e, como a decoração, devem atender ao perfil do cliente. E dos acompanhantes. Atenção para as publicações que devem ser atualizadas e trocadas, imediatamente, se rasgarem ou ficarem sujas. “É preciso entender que o ambiente ‘conversa’ com o cliente e que o dentista deve garantir que ele ‘fale’ coisas boas, que vão agregar valor ao seu serviço”, finaliza a arquiteta.