O uso correto do WhatsApp
Uma campainha, uma vibração, a luz da tela que se acende por alguns instantes. No meio da madrugada, no almoço de família e até durante um procedimento no consultório: o telefone celular demanda atenção inúmeras vezes ao longo do dia. Aplicativos de mensagens instantâneas como o Whatsapp, no entanto, também podem ser aliados estratégicos no tratamento e acompanhamento de pacientes. Mas qual é o limite para o uso profissional desta mídia?
O uso do aplicativo é permitido para cirurgiões-dentistas, desde que observados alguns cuidados. A primeira recomendação é dedicar um segundo chip no smartphone para as tratativas profissionais, ou até mesmo usar um outro aparelho celular, separando o profissional do pessoal. Desta forma, evitam-se constrangimentos com mensagens enviadas por engano ou em horários inapropriados.
Com um número de WhatsApp específico para a clínica ou consultório, é possível deixar o logotipo profissional na imagem de perfil, além de informar endereço, telefones e nome do estabelecimento. Na opção “Recado” das configurações do aplicativo, o dentista pode ainda informar os horários de funcionamento do consultório, deixando claro aos pacientes o horário de comunicação para marcar e desmarcar consultas.
O compartilhamento de fotos e exames como radiografias entre colegas que acompanham o caso ou com o próprio paciente também é permitido, desde que as partes estejam cientes de que os exames não podem, de maneira alguma, ser expostos ao público em outras redes sociais.
É preciso, contudo, tomar cuidado com o envio e recebimento dos mesmos pelo aplicativo, pois o paciente pode ficar na expectativa de receber um diagnóstico ou comentário como resposta, algo que não é recomendável – o profissional deve reservar esse tipo de informação para a sala de atendimento.
Outra vantagem do método é que, diferente de uma conversa telefônica, todas as comunicações ficam registradas por escrito, evitando mal-entendidos. Além disso, o WhatsApp é um meio muito prático para a comunicação entre equipes de saúde bucal e cirurgiões-dentistas, permitindo a troca de conhecimento entre as especialidades.
Mudanças radicais
Não há como negar que o surgimento dos aplicativos de mensagens instantâneas provocou mudanças radicais nas formas de comunicação e relacionamento entre profissional e paciente. É preciso ficar absolutamente claro, no entanto, que o uso do WhatsApp no consultório deve ser exclusivamente profissional, e não um canal para o envio de mensagens de cunho pessoal.
O aplicativo é indicado principalmente para lembretes de agendamento, marcação ou cancelamento de consultas, alteração de horários, informação de localização, além de informativos administrativos para a equipe profissional da clínica ou do consultório.
Por outro lado, não é recomendado fazer uso da ferramenta para comunicação a respeito de diagnósticos, planos de tratamento, prognósticos, prescrições medicamentosas e explicações detalhadas sobre o tratamento – o uso para esses fins, é importante ressaltar, caracteriza ato ilícito.
Quaisquer procedimentos específicos do exercício prático da Odontologia, caracterizados no relacionamento próximo ao paciente, são exclusivos do ambiente da sala de atendimento de um profissional graduado em Odontologia e devidamente inscrito no Conselho.
Ética nas redes
Um dos desafios do profissional conectado é usar os novos meios de comunicação de maneira correta. A Comissão de Ética do CROSP explica que é possível associar conduta ética às novas tecnologias; no caso específico dos aplicativos de mensagens instantâneas, é importante que o contato seja feito com pacientes que já integram a carteira de clientes do cirurgião-dentista, sob pena de caracterizar aliciamento de pacientes e concorrência desleal.
Reforça-se, ainda, que as mensagens devem ser trocadas sempre em horário comercial e durante os dias úteis da semana.
É vedado ao profissional prescrever ou diagnosticar via aparelho celular, uma vez que o Código de Ética Odontológica tem como princípio a natureza personalíssima da relação entre paciente e o profissional. Assim, o cirurgião-dentista deve sempre evitar oferecer diagnósticos ou consultas a distância.
WHATSAPP NÃO É LUGAR DE:
• Prescrever medicações;
• Dar consulta, diagnóstico, prescrição de tratamento ou divulgar resultados clínicos por meio de qualquer veículo de comunicação de massa;
• Enviar ofertas, descontos ou promoções de procedimentos como mensagem de marketing digital, mesmo na opção “status”, que desaparece em 24 horas;
• Anunciar especialidade sem ter registro da mesma no Conselho Regional de Odontologia;
• Expor fotos ou vídeos de pacientes – a opção “status” é visível para todos os contatos da agenda e não deve ser utilizada.
De acordo com o Código de Ética Odontológica, é dever do cirurgião-dentista resguardar o sigilo profissional e a privacidade do paciente. Quando for necessário compartilhar informações entre profissionais da Odontologia, a sugestão é enviar para pessoas de confiança e sem que haja possibilidade de identificação dos pacientes envolvidos.