Não misture suas contas com as da empresa
Uma dificuldade comum entre novos empresários é separar as contas pessoal e jurídica. Fazer essa distinção, no entanto, é fundamental para garantir a sobrevivência da empresa, pois um motivo clássico para a bancarrota é o gestor enxergar o faturamento do negócio como renda particular.
Alexandre Serodio, Empreendedor Endeavor, dá algumas dicas para fazer essa separação.
- Seu maior investimento é a sua empresa
Você acredita na sua empresa? Então, por que tirar o dinheiro que poderia ser reinvestido para impulsionar o crescimento dela e deixá-lo no banco como pessoa física? Não estamos dizendo que você deve acabar com as suas reservas pessoais, mas é preciso valorizar o seu ativo mais importante. Se o seu sonho é grande, a empresa precisa ser prioridade.
- Não se deslumbre
Todo empreendedor passa por perrengues no início da trajetória. Mas não é só porque a empresa começou a ter um faturamento relevante ou porque as contas finalmente ficaram no azul que você pode achar que está com a vida ganha e sair gastando como pessoa física. A dica é fixar um mínimo necessário para a vida pessoal. Mínimo significa não sair para comer em restaurantes, não ter empregada todo dia, não fazer várias viagens nem sair cheio de sacolas do shopping.
- Salário do empreendedor
Para estabelecer o salário do empreendedor, é possível considerar três aspectos. O primeiro é a realidade do negócio. Não dá para fixar um valor que comprometa planos de investimento e o pagamento dos demais funcionários. O segundo é achar um parâmetro de acordo com as funções exercidas. Quanto você ganharia se estivesse executando as mesmas tarefas em outra empresa? O terceiro são as necessidades pessoais. Faça uma planilha com todos os seus gastos irredutíveis. Em muitos momentos, o empreendedor não pode se dar ao luxo de ter um salário maior que suas necessidades.
- Misturar as despesas pode confundir a administração da empresa
Como saber quais são as reais despesas do seu negócio se você usou o cartão corporativo para abastecer o carro no final de semana, pediu para a secretária pagar a escola dos seus filhos ou bancou vários cafés durante o mês? Se gastos pessoais são incluídos na conta, fica mais difícil entender o que está acontecendo no seu negócio. Bagunça, inclusive, aquela matemática básica de que o lucro = receitas – gastos. Além disso, pode diminuir a credibilidade da empresa diante de investidores. No banco, tenha uma conta corrente para pessoa física e uma para a empresa, assim fica mais fácil controlar os seus gastos e pagamentos e os da empresa.
- Não se engane
Ok, você já entendeu, lucro precisa ser reinvestido. Porém, um alerta: os investimentos na empresa também precisam de prioridades. É necessário ambiente de trabalho limpo e bem cuidado, mas sem luxos. Ou seja, o controle com gastos supérfluos precisa existir na empresa e o empreendedor precisa resistir à tentação de criar regalias para si mesmo dentro do negócio.
Itens como carro e celular só devem entrar na conta da empresa se forem ferramentas de trabalho e fundamentais para a performance. Pensar grande não quer dizer gastar muito.
- Dinheiro parado é mau sinal
Se há dinheiro parado na empresa, há alguma coisa errada. O que entra precisa girar. A minha tesouraria fechava todo dia com R$ 100 na conta. Acompanhávamos no Google AdWords quanto dinheiro conseguíamos investir por hora. Calculávamos até os centavos.
- Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades
Usar o dinheiro da empresa para despesas pessoais é, além de tudo, um desrespeito aos funcionários. É como se o dono se achasse com mais direitos que toda a sua equipe. A lógica deveria ser outra: quanto mais poder, mais responsabilidade diante dos outros. É preciso dar o exemplo e não misturar.
Se você ainda não tem uma planilha de despesas pessoais nem estabeleceu quanto tira da empresa para os seus gastos, é hora de tomar uma atitude. Separar a conta da empresa da conta do empreendedor é um dos itens mais importantes na hora de controlar as finanças do seu negócio.