Dia Mundial da Saúde bucal
Acesso à assistência de qualidade aumentou, mas ainda é necessário avançar. Parceria entre cirurgiões-dentistas e planos odontológicos tem papel fundamental na transformação
O Brasil chega ao Dia Mundial da Saúde Bucal de 2023 com muitos desafios na área, mas também com indicadores que devem ser valorizados. É verdade que grande parte dos brasileiros continua sem acesso à Odontologia de qualidade. De acordo com pesquisa do IBGE de 2019, por exemplo, 34 milhões já perderam 13 ou mais dentes e, destes, 14 milhões perderam todos. É um quadro alarmante, que precisa de intervenção urgente, mas ainda assim situado em um cenário de evolução.
Nos anos 1980, 1.584 das 4.024 cidades do país não contavam com um único cirurgião-dentista e somente 5% da população tinha acesso à assistência adequada, em geral nos grandes centros e por meio tratamentos particulares que poucos podiam pagar. “É um modelo elitista”, avaliou, em 1983, o presidente do Sindicato dos Odontologistas do Rio de Janeiro, José Roberto Pontes. Hoje, apenas os planos odontológicos têm alcance três vezes maior, oferecendo atendimento de qualidade a 15,8% dos brasileiros, de acordo com os números da ANS de janeiro.
Atualmente, o principal programa de saúde bucal do governo federal, o Brasil Sorridente, chega a 5,2 mil municípios com serviços de promoção, prevenção e tratamento para todas as idades na rede pública. São quase 30 mil equipes de saúde bucal, 1.187 Centros de Especialidades Odontológicas e 3.241 Laboratórios de Próteses Dentárias. Toda essa estrutura liderada por mais de 65 mil cirurgiões-dentistas contratados pelo SUS já atendeu a mais de 100 milhões .
“Nos últimos vinte anos, houve um esforço coincidente da administração pública e da iniciativa privada - por meio dos planos odontológicos - que abriu as portas dos consultórios para os brasileiros de renda mais baixa. Além disso, estabeleceu um novo nicho de mercado para os cirurgiões-dentistas e está criando uma cultura de saúde bucal em que as pessoas valorizam a Odontologia e os profissionais que a praticam”, avalia Rodrigo Rocha, CEO Amil Dental.
Mercado de trabalho
O mercado de trabalho para os profissionais da Odontologia também melhorou nas últimas décadas. A assistência centrada nos consultórios particulares dos anos 1980 (que ofereciam 75% das horas/dentista disponíveis, segundo o pesquisador Vitor Gomes Pinto) - sem o subsídio da economia de grupo proporcionado pelo Odontologia Suplementar – prejudicava a população e também não privilegiava os cirurgiões-dentistas, como hoje é comum acreditar. Pelo menos não a maioria.
Na época, o presidente do Sindicato dos Odontologistas do Rio de Janeiro, José Roberto Pontes, contou ao O Globo que, dos cirurgiões-dentistas do Rio de Janeiro, somente 20% tinham faturamento suficiente para atuar exclusivamente em consultório próprio. Outros 20% precisavam complementar a renda em outros serviços e um percentual semelhante trabalhava em clínicas precárias, que cobravam preços “populares”.
Em 2023, as oportunidades foram multiplicadas na rede pública e os planos odontológicos levaram milhões de pacientes aos consultórios - brasileiros que de outra forma não teriam condições de ir ao dentista – criando receitas que não existiam na rede privada. Tanto que, atualmente, a maioria dos cirurgiões-dentistas é credenciada a uma ou mais operadoras.
Odontologia Suplementar
Os números da Odontologia Suplementar demonstram como o segmento é um dos protagonistas na evolução do cenário da saúde bucal no Brasil. Ao ser criada, em 2000, a ANS registrou oficialmente a existência de 2,6 milhões de beneficiários nos planos odontológicos. Em janeiro de 2023, o número é mais de 10 vezes superior, com 30,7 milhões de vínculos que configuram uma taxa de cobertura de 15,8% do total da população. Neste período, o segmento odontológico ganhou quase 10 milhões de clientes a mais do que os planos médicos, por exemplo.
“Foi um desempenho espantoso e ainda existe bastante potencial a ser explorado. No mínimo, podemos chegar aos 50 milhões de beneficiários da área médica, mas acredito em ir mais longe com o desenvolvimento de produtos que atendam a mais perfis de clientes e estejam alinhados com as expectativas dos cirurgiões-dentistas”, avalia o CEO da Amil Dental.
Rocha destaca os custos acessíveis e a estrutura assistencial mais simples para justificar o otimismo com o segmento. “Mas, principalmente, minha confiança vem da força que representam os quase 400 mil cirurgiões-dentistas brasileiros que praticam uma das melhores odontologias do mundo”, revela. Para ele, esse imenso capital humano será o principal responsável pela multiplicação do acesso nos próximos anos, com o apoio dos planos de saúde.
“Sempre ouço que existem muitos cirurgiões-dentistas no Brasil, mas não concordo. Na minha opinião, ainda existem poucos pacientes e a prioridade da Odontologia Suplementar é criar as condições para que mais pessoas cheguem aos consultórios. E vamos continuar fazendo isso, como fizemos nos últimos 20 anos”, afirma o executivo.
Rocha ressalta que a parceria com os cirurgiões-dentistas vai além e visa a evolução da assistência, com cooperação para incorporação de tecnologia, adoção de boas práticas de gestão, alta performance e sustentabilidade financeira. “Seguimos ao lado dos nossos parceiros para fazer mais e melhor com menos. E, quem sabe, dobrar o número de beneficiários nos próximos 20 anos e colaborar ainda mais para que todos os brasileiros tenham acesso à Odontologia de qualidade”, finaliza.