“Eu sempre quis ser dentista”
A odontopediatra Dra. Maria Cristina Duarte Ferreira está completando 40 anos na profissão que escolheu contrariando um tio médico que insistia para a sobrinha fazer medicina. “Eu sempre quis ser dentista”, garante. Assim, entrou na primeira turma de Odontologia da antiga Osec – hoje Unisa –, em um curso noturno, e saiu de lá formada em 1981.
O interesse pela Odontologia, diz, é coisa de criança e nem consegue lembrar quando exatamente foi despertado. Hoje, está convencida de que já nasceu com o sentimento, que foi crescendo com o tempo, principalmente após ingressar na faculdade e iniciar o estágio como assistente em um consultório. “Fiquei realmente apaixonada com as aulas e a rotina no trabalho, e logo após a formatura já estava tratando meus pacientes”.
Em uma época de poucos empregos para cirurgiões-dentistas, como recorda, o primeiro foi na Santa Casa de Santo Amaro, onde atuou exclusivamente com exodontia. “Ainda assim foi um período de muito aprendizado”, diz.
Ao mesmo tempo, iniciou a carreira acadêmica, convidada por um professor para um estágio em prótese, área pela qual se interessava, na Unesp de São José dos Campos. “Ia e voltava de ônibus no mesmo dia duas vezes por semana” e o resto do tempo trabalhava no consultório que tinha acabado de montar.
O consultório, na verdade, era uma sala em uma clínica que dividia com vários outros profissionais de saúde. “Cardiologista, psicólogo, dermatologista, ginecologista”, lembra. Foi lá que, um belo dia, o pediatra encaminhou para ela um paciente com Down. O bom atendimento virou notícia entre várias famílias com pacientes nas mesmas condições, que penavam para conseguir assistência odontológica na época.
Logo a Dra. Maria Cristina era uma referência e recebia a cada dia mais pacientes com necessidades especiais. “Com o tempo e aumento da demanda, percebi que não tinha formação adequada para a atividade”, admite. Ninguém tinha, afinal. Naquela altura não existia especialização ou qualquer tipo de ensino formal na área.
Após procurar bastante, ela encontrou um grupo na APCD que estudava o assunto. “Com esses colegas me apaixonei de vez pelo que estava fazendo e também senti necessidade da Odontopediatria, que cursei em seguida”. E passou a militar para que fosse criada uma especialização no segmento de pacientes especiais, sonho que virou realidade em 2002.
Depois foi fazer o mestrado em diagnóstico odontológico e, convidada pela UNIP, introduziu a Odontologia para pacientes especiais na graduação, junto com um serviço de atendimento à comunidade. “Eu não sou professora, mas passei quase vinte anos ensinando”, conta. E aprendendo, porque junto veio o doutorado focado, é claro, em pacientes com necessidades especiais.
Hoje, a cirurgiã-dentista se orgulha de ter participado do desenvolvimento de um atendimento para pessoas com necessidades especiais eficiente e humanizado, com práticas, materiais e medicamentos que permitem uma assistência muito mais adequada. “Quando eu comecei eram necessárias várias pessoas para segurar o paciente na cadeira, por exemplo”. Essa evolução, ela está convencida, tem uma parcela de responsabilidade na diminuição do estigma ainda existente contra as pessoas com necessidades especiais. “Antes, os familiares não traziam os filhos e irmãos para tratamento, eles eram escondidos. Hoje, os atendemos desde bebês”, comemora.
Está realizada, então? “Cada paciente é uma realização. Um desafio e uma realização, todos os dias”, ela garante, após 40 anos e duas hérnias de disco adquiridas por conta do esforço físico na cadeira de dentista. “Eu já tentei colocar o pé no freio, mas não consigo. Não vivo sem isso”, finaliza.
Dra. Marcia Cristina é credenciada Amil Dental e representa os valores e competências nos quais acreditamos. #nossacara.
Raio-X
Nome: Maria Cristina Duarte Ferreira
Ano em que se formou: 1981
Especialista em: Odontopediatria e Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais
Natural de: São Paulo
Desafio diário: Experimentar coisas novas
Curiosidade que poucos sabem: Já tomei remédio para engordar.
Característica que mais gosta no outro: Bom humor
E a que mais abomina: Falsidade
Livro de cabeceira: Mindset, de Carol S. Dweck
Filme predileto: Coração Valente
Música preferida: MPB
Sonho de consumo: Voltar a viajar
Esporte: Vôlei
Não pode faltar na geladeira: Queijo branco
O que mudaria em você: Nada
É fã de: Sorvete de chocolate
Algum fato curioso da infância: Adorava ir pescar com meu pai
Qual foi sua melhor viagem: Primeira viagem para Alemanha conhecer a família de meu marido
Qual recado daria ao estudante de Odontologia: Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades e nunca se esqueçam de que um bom profissional de saúde deve ser antes de tudo um bom educador.