Perfil: Carlos Coutinho
A carreira focada em propósitos de Carlos Coutinho teve mais de uma inspiração. Do padrinho colega de profissão sofreu influência para ser cirurgião-dentista. Antes disso, porém, seguiu o exemplo dos pais por uma vida pautada pelos ensinamentos cristãos e aprendeu desde cedo a importância da solidariedade entre as pessoas. “Escolhi a área da saúde porque sempre senti o desejo de cuidar de quem estivesse sofrendo”, resume.
Transformar o desejo em realidade não foi fácil, como é comum para os sonhadores no Brasil. “Estudei na Universidade Gama Filho, que ficava a 2h30min da minha casa. Pegava um ônibus e um trem para ir e depois tudo de novo para voltar. Foram longos e dedicados 4 anos e meio saindo às 4h30 da manhã e voltando às 21h30. Acredito que a maior conquista desse período foi não perder o foco e concluir o curso”, lembra.
Recém-formado, desde o início seguiu na direção escolhida. “Meu primeiro paciente foi uma pessoa com deficiência física e múltiplas comorbidades. E, ao mesmo tempo que confirmei que era exatamente isso que queria fazer, percebi que teria que me preparar melhor”, conta. Então, passou a frequentar congressos e cursos de medicina nessa área porque não havia especialização ou material de estudo específico em Odontologia.
A medida em que foi adquirindo mais conhecimento, Coutinho viu o número de paciente com necessidades especiais aumentar e percebeu como existiam pessoas nessa situação e muitas sem condições de pagar por um tratamento escasso na rede pública. “Foi quando me credenciei à Amil Dental, para oferecer oportunidade de uma assistência mais acessível financeiramente”, explica.
Em 2002, finalmente foi criada a especialização em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais e Coutinho rapidamente obteve o título de especialista na área. Atualmente, ele dedica a carreira exclusivamente para as pessoas com necessidades especiais e diariamente há 25 anos, alivia o sofrimento desse grupo mais frágil, como sonhou e planejou quando escolheu seguir o exemplo de solidariedade transmitido pelos pais.
O cirurgião-dentista destaca que, apesar dos avanços, ainda existe estigma em relação aos pacientes com necessidades especiais com reflexos negativos no tratamento em consultórios, no hospital e atendimento domiciliar. E sugere que as universidades aprofundem mais os conteúdos sobre o tema para que os alunos sejam mais bem formados e conscientes nessa área.
Para o futuro, diz que pretende diminuir o ritmo, mas nunca se aposentar. “O melhor tempo do meu dia é o que passo trabalhando e minha maior realização é oferecer o que amo fazer a quem precisa”, finaliza.