Perfil: Priscilla da Silva Oliveira
Odontopediatra multitarefas é mãe, militar, atleta profissional de downhill e líder de uma clínica de sucesso no Rio de Janeiro. Tudo ao mesmo tempo.
Primeira cirurgiã-dentista da família, a Dra. Priscilla da Silva Oliveira cresceu querendo ser médica. Quando chegou o vestibular, no entanto, faltaram três pontos para entrar em Medicina. A pontuação era suficiente, porém, para garantir uma vaga em Odontologia se ela concordasse em trocar de curso. Bateu aquela dúvida, mas o pai gostou da ideia. “Quem sabe você não se torna uma Odontopediatra”, disse ele para incentivar.
De impulso, Priscilla começou a fazer Odonto sem ter muita certeza se era a escolha correta. Algum tempo depois, quando surgiu a oportunidade de se transferir para Medicina, ela não hesitou. “Eu pensei, não vou mudar, eu estou gostando. Vou ficar aqui mesmo”, afirma, garantindo que nunca se arrependeu.
Decidida a carreira, a carioca de Irajá saiu direto da faculdade na Unigranrio, indicada por um professor, para o primeiro emprego em uma clínica popular de Nova Iguaçu. Lá, descobriu uma nova vocação e teve a prova de que pai não se engana. “Nunca tinha pensado em fazer Odontopediatria. Na verdade, saí da faculdade decidida a me especializar em prótese. Mas, logo que comecei a trabalhar eu atendi uma criança que me deixou encantada”, lembra. Naquela mesma noite, chegou em casa e comunicou ao pai que faria Odontopediatria. Seis meses após se formar, começou a especialização na Marinha do Brasil, concluída em 2008.
Os primeiros seis anos como dentista foram neste primeiro emprego, em Nova Iguaçu. “Um lugar muito bacana, mas ficava bem longe de casa e eu gastava muito tempo no trânsito. Queria trabalhar mais perto, então fui para outra clínica, na Penha”, conta. Lá, foram outros seis anos. “Eu também gostava bastante, mas após alguns anos senti falta de ter mais controle sobre o meu tempo e decidi investir no meu consultório pensando em qualidade de vida”, relata.
O negócio próprio foi engrenando aos poucos e o início teve bastante espaço vago na agenda. Por isso, ela continuou atendendo alguns dias da semana na clínica da Penha. “O consultório só começou a decolar quando eu passei a atender os planos odontológicos”, destaca. Em poucos anos, teve que ir se mudando para acomodar uma, duas e depois quatro cadeiras.
Dra. Priscila liderou esse crescimento ao mesmo tempo em que se dedicava em ser atleta de downhill, modalidade do mountain bike que, como o nome sugere, consiste em descer uma montanha com a maior velocidade possível. Ela pratica o esporte desde os 26 anos e já foi campeã carioca, disputando também o Campeonato Brasileiro e Pan-Americano na categoria Elite Feminino.
Mas, antes de colocar o jaleco ou o capacete, o expediente começa em casa, desde 2019, dando atenção ao filho pequeno nas funções de mãe e pai. Aliás, Caio, de 5 anos, também participa da entrevista e entrega a influência materna comentando que “é legal ir no dentista, mas eu não gosto da consulta no Otorrino”. Mais uma vez a Odontologia prevalecendo sobre a Medicina.
Com essa rotina agitada, Dra. Priscilla estranhou quando chegou a pandemia e as atividades foram suspensas. “Aí eu estava em casa meio sem fazer nada e vi o anúncio de um concurso para dentista da Aeronáutica. Me inscrevi por impulso”, lembra. Aquele impulso comum na vida dela, aliás, que a levou para a Odontologia e a Pediatria. E que sempre dá certo. Passou em primeiro lugar na prova, tornou-se oficial da Força Aérea Brasileira e acrescentou mais um plantão à sua agenda.
Na verdade, era questão de tempo para ele acabar se tornando militar. “Sempre tive o sonho de entrar a Marinha, tanto que fiz minha especialização lá, mas hoje meu sangue é azul e tenho orgulho de servir a Força Aérea Brasileira”, conta. Mais uma reviravolta que funcionou.
“Quando voltamos da pandemia, percebi logo que o movimento da clínica iria aumentar. E, sem esperar, decidi expandir”, afirma. Rapidamente alugou a sala ao lado e aumentou a capacidade para as sete cadeiras que, atualmente, estão sempre ocupadas. Perguntada sobre o segredo do sucesso, ela ilustra para ensinar que o principal é o relacionamento. “Você não volta em uma clínica se não se sentir bem com o dentista ou o médico. E, hoje, eu atendo adultos que são meus pacientes desde quando eram crianças”, resume.
Analisando a capacidade de fazer tudo ao mesmo tempo, a Dra. Priscilla conclui que é uma característica natural e que toda essa correria faz bem para ela. “Todos os dias eu levanto as 5h30, inclusive quando vou ficar em casa. Gosto de acordar cedo para planejar e encaixar tudo o que quero fazer no dia. E gosto de agitação, de ver gente, de resolver coisas. De fazer acontecer e ver que está dando certo. É isso que me motiva”, afirma.
Dra. Priscila avalia que a profissão evoluiu bastante nos últimos vinte anos e que as possibilidades para os cirurgiões-dentistas são inúmeras, inclusive em serviços que antigamente não eram associados à Odontologia ou nem existiam. Apesar disso, ela aconselha os jovens. “Antes de tudo, aprendam a ser dentistas. Depois, aproveitem todo o potencial do mercado”, finaliza.